Divagação Monóloga

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."
Ruy Barbosa.

Não sei se é realmente o fim dos tempos como muitos dizem por aí, acho que só teremos uma resposta decente pra isso quando as coisas realmente chegarem ao fim, mas sei que o mundo está de cabeça pra baixo, as coisas mudaram muito rápido em tão pouco tempo, nada contra mudanças acho que mudar é normal e esperado, mas infelizmente as coisas mudaram para pior e continuam caminhando nesse rumo que nos levará como espécie para uma situação que não será nem um pouco boa pra ninguém.
O que antes era importante e valorizado por todos, hoje é completamente desprezado, acredito que nunca ouve tanta exaltação na história da humanidade ao que é ruim por natureza com o respaldo avassalador da maioria como se vê hoje, parece uma cegueira coletiva onde os cegos têm visão, mas não enxergam as coisas de forma correta. Vivemos num tempo em que ser honesto é motivo de vergonha, se um cara tem um ímpeto de honestidade como devolver $15.000 que achou no lixo do aeroporto onde trabalha muitas pessoas vão chamá-lo de burro, idiota, lesado... E se alguém tentar defendê-lo receberá como resposta: “Honestidade não enche panela.”
Vivemos num tempo em que ser fiel a esposa ou namorada é ser motivo de chacota entre os amigos, que vão dizer que o cara é um “dominado” que levou uma “chave”, as coisas chegaram ao ponto de infidelidade ser a regra e fidelidade a exceção, um homem fiel é um ser de outro planeta indigno da confiança das outras pessoas, e o argumento das pessoas adeptas disso é: “A carne é fraca,” “Eu sou homem,” “Todo mundo trai,” “O que os olhos não vêem o coração não sente”... E por aí vai, tem mais um bocado daria pra se fazer um post só sobre isso, mas essa não é a intenção desta postagem.
Estamos na época em que ser virgem é um pecado capital aos olhos das pessoas, se o individuo passar de uma certa idade e ainda ser virgem principalmente se for homem vai ser considerado homossexual. Tenho um amigo que é muito zoado por todos por causa disso, e o pior de tudo é que o cara se sente mal por isso, fazem ele se sentir o pior ser humano da face da terra por nunca ter feito sexo, simplesmente não entendem que ele talvez enxergue as coisas de forma diferente das outras pessoas. Não sou a favor da rigidez imposta pelas religiões em relação ao sexo, mas também não sou a favor dessa cachorrada que todos sabemos que existe, quem quiser ser um ninfomaníaco que transa com qualquer pessoa que encontra pela rua sem nem ao menos se preocupar em saber o nome, que seja, mas deixem as pessoas que não pensam e não agem dessa forma em paz.
Estamos na época em que ser jovem e não se drogar de alguma forma é ser careta,
ser estudioso e se preocupar com o próprio futuro é ser um nerd filho da puta,
respeitar os pais é ser mimado e filhinho da mamãe
ser corrupto é normal, matar alguém é comum, roubar é rotina
e ser velho é ser inútil e invisível...
Numa época em que ser bonito(a) é mais importante do que ser legal e agradável...
Num tempo em que ser romântico é ser brega, amar alguém é ser ingênuo e não usar roupas de grife é ser um xandala (dalit)...
Infelizmente vivemos num tempo em que a maioria das músicas não tem sentido e fazem sucesso, em que a sua masculinidade é medida pelo número de mulheres que você “cata” e o pior de tudo, ser bom, puro, justo, honesto, integro e correto é incorreto, e isso é muito triste, o errado acabou virando sinônimo de certo.
Não sou pessimista, sou realista e acho que as coisas (ser humano) infelizmente só tendem a piorar, é absurdo ser pior que isso, mas acreditem tem como sim. Espero que as pessoas boas não se rendam e desistam de tudo, elas são a minoria, mas são elas que ainda mantém o mundo de pé, apenas não são reconhecidas pelo seu trabalho, mas existem sim.

PS: Se ficou sem pé nem cabeça me perdoem. Prometo fazer melhor na próxima.

Dom Juan Ricthelly