27 maio 2012

Não deixe que o sorriso suma
Que a canção perca a emoção
O ‘eu te amo’ se torne raro como ouro
E o abraço perca o seu significado

Pois no dia em que as rosas falharem
As palavras perderem o sentido
Os olhares se cruzarem sem brilho
E o desejo tiver partido

No dia em que o calor for frio
Os poemas se tornarem vazios
As lembranças forem esquecidas
E o perdão não for ouvido

Esse dia será um dia triste
Em que talvez você pense:
Se seria melhor nunca ter sentido
Ou ter sentido e simplesmente perdido

Dom Juan Ricthelly, Gama-DF, 2012.

17 maio 2012

...


Que não seja imortal posto que é chama, mas que seja eterno enquanto dure.” O trecho citado faz parte do Soneto de Fidelidade de Vinicius de Moraes, e expressa de forma genial a essência de um relacionamento amoroso. Que em suma quer nos dizer, ‘nada é pra sempre, tudo tem um fim, mas curta como se jamais fosse acabar’.

            Mas a questão que me intriga é: Porque 99,9999999999% das histórias de amor são fadadas ao fracasso?

            Tudo começa lindo e maravilhoso, o casal se ama numa intensidade esplendorosa e você enfim na sua vida se sente vivendo:

-Uma peça de Shakeaspeare (com um início fantástico, um meio tempestuoso e algo que você nem cogita, uma final dramático);

-Ou uma comédia romântica (só que ninguém pensa que tais filmes só mostram o majestoso início e não o porém de tudo aquilo);

-Ou algo mais próximo de nossa realidade, uma novela (com a diferença de que o mal prevalece e o casal se separa).

            Mas ainda a pergunta clama por uma resposta, que eu muito provavelmente não serei capaz de responder até o fim desse texto.

            Só posso dizer que a minha experiência é pouca, e pelo pouco que vivi e o muito que senti nesse tão pouco, é que o homem quando lida com o amor está lidando com algo muito além de suas capacidades, ele é como a criança que brinca com fogo e que no final vai acabar se queimando gravemente, sem talvez jamais crescer, mas ficando com as cicatrizes do passado que o fará tremer novamente diante de uma fogueira.

            E por mais duro que seja admitir, eu fui uma dessas crianças e quem dera eu ter ganhando apenas algumas cicatrizes, há quem dera, quem dera mesmo... Infelizmente estou carbonizado dos pés a cabeça, totalmente desorientado e confuso como nunca estive.

            O que mais agonia é o medo que sinto agora, medo de não ter sido especial e de um dia esbarrar com ela na rua e vê-la com outro, não vai importar quanto tempo tenha passado, só sei que vai doer e muito. Vou olhá-la e vou pensar mil coisas, mas o que vai gritar mais alto em minha mente será: ‘Ela foi minha!’, cenas e mais cenas passarão e minha mente e talvez eu dê um aceno, pare pra falar com eles inundado em lágrimas dentro de mim mesmo... ‘Ela foi minha... minha’. E talvez ela pense ‘Esse cara já rasgou o meu coração...

            Eu queria de coração ter feito parte de dos 0,0000000001%, mas infelizmente brincar com fogo e sair ileso é para pouquíssimos, e cheguei a conclusão de que não sou um deles, mas ainda assim canto com orgulho aquele trecho de uma música de Djavan que diz: “Eu só sei, que amei, que amei, que amei...

            Boa sorte no amor a todos que se aventurarem por seus caminhos sinuosos e traiçoeiros, se vocês caírem, se queimarem ou se machucarem por qualquer outro motivo, nos encontramos na UTI.

Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada, mesmo que distante.

07 maio 2012

Frase.

"Carpe diem."

Soneto ao avesso

Sou como a folha que o vento leva e não trás
Em uma direção que ele mesmo desconhece
Num doce caminhar entre o chão e o ar.

Sou como o grão de areia no deserto
Que é infímo perante a imensidão
Junto aos milhões de milhares e mais.

Sou como a chama da vela na noite
Acesa em algum momento no tempo
Com a viva certeza ciente veemente
De que o fogo apaga e o calor se esvai

Sou como a gota que cai do céu
Em algum lugar entre a terra e o mar
Em poça, lagoa, lago ou riacho
Sabendo que vim, mas que vou voltar.

Dom Juan Ricthelly, Gama-DF 2012.

Divagação Monologa: Hora de sair da caverna


Não sei se algum dos que passarem por aqui, leram a Alegoria da Caverna de Platão (aos que não, recomendo). De qualquer forma, falemos sobre ela de forma resumida.

“Imaginem um grupo de pessoas que vivem dentro de uma caverna praticamente desde que nasceram, acorrentadas de modo que fiquem imóveis e olhando para frente. Imaginem que há uma parede atrás dessas pessoas e que atrás dessa parede há uma fogueira e pessoas que passam transportando objetos como estátuas de animais, homens e outras coisas, e que isso somado á fogueira faz sombras na parede em que os acorrentados permanecem olhando e que as pessoas que passam ás vezes conversam. Ficando atento ao fato de que os acorrentados só vêm sombras e escutam vozes estranhas, a caverna para eles é todo o mundo que eles conhecem, as sombras são coisas reais, ou seja, a sombra da estátua de um cavalo é o cavalo para eles e as sombras de tudo que o aparece na parede é a realidade para eles.

E um dia um dos que estão acorrentados é forçado pelos que passam a sair dos grilhões e observar a fogueira e todas as estátuas autoras das sombras que ele via, imagine o deslumbramento que isso causa nele. Ainda insatisfeitos o obrigam a subir a escada e sair da caverna, e que chegando lá fora à luz o obrigue a fechar os seus olhos que sempre estiveram acostumados à penumbra, mas com o tempo ele se acostuma com a luz podendo ver o mundo plenamente e todas as suas coisas, chegando a compreender coisas que antes ele nem imaginava que existiam e ficando estupefato com a condição em que vivia antes.
E eis que em algum momento ele se sente impelido á voltar à caverna para contar a seus companheiros tudo o que viu e ajudá-los a sair de lá. Chegando a caverna ele sente dificuldade para enxergar, pois seus olhos se acostumaram com a luz.

E ele tenta convencer seus companheiros acorrentados de que o que eles vêm na parede são apenas sombras de objetos que representam seres vivos de verdade. E eles acham que ele ficou louco e que a superfície estragou a sua visão. Ainda insatisfeito com tamanha incredulidade e tentando inutilmente provar o que diz ele tenta desacorrentar uma das pessoas para que ela possa ver com seus próprios olhos. “E com medo de que sua visão fique estragada e de fique louco e dizendo coisas estranhas como aquele homem o que está acorrentado acaba por agarrá-lo e matá-lo.”
Não sei se consegui ser claro e fiel ao texto de Platão, mas vamos ao que interessa. Agora imagine essa alegoria aplicada ao mundo em que vivemos, imaginaram?

Se você que está lendo faz parte do grupo dos que ainda estão na caverna (que são a maioria esmagadora), te digo para se soltar dessas correntes que o prendem. E que ao invés de ter um olhar fixo para uma parede em que aparecem sombras, você se mecha e olhe a sua volta. Te peço que olhe a escada e saia da caverna e que não tenha medo da luz, e desejo que você veja as coisas como elas realmente são. Se conseguir, meus parabéns. Não fique decepcionado com suas concepções antigas, mas fique feliz com a que possui agora.

Use a sua visão e veja que no decorrer da história muitos dos que tentaram tirar a humanidade da caverna foram mortos ou condenados a coisas horríveis... Sócrates um dos primeiros a sair da caverna foi condenado a beber Cicuta (veneno), Jesus Cristo (que foi o maior de todos) foi humilhado como um mero charlatão e crucificado como um criminoso, sem mencionar os famosos e os anônimos que foram queimados, enforcados, esquartejados e guilhotinados.

A vantagem do tempo em que vivemos é que quem sai da caverna e volta, não corre mais o risco de sofrer tais punições severas, o que ocorre no mínimo é as pessoas rirem da sua cara ou te acharem um louco.

A verdade é que todos nasceram na caverna e na escuridão (ignorância), alguns conseguem sair, mas a maioria morrerá do mesmo modo que nasceu. E é natural os que saem tentarem ajudar os outros a saírem, mas esse é um trabalho quase hercúleo, porque quem está na ignorância, acabou sendo fortemente condicionado a permanecer nela. A achar que o que disseram pra ele é a verdade, sem ao menos ter a curiosidade de conferir com seus próprios olhos. A ter medo de questionar. A ser completamente cego pra maioria das coisas e o mais hediondo de tudo isso em minha humilde opinião, a não pensar e refletir sobre as coisas, ou seja, a não usar uma das coisas mais preciosas da mente humana... A Razão. Razão pra eles é basicamente relacionado a quem está certo ou errado numa discussão, faça esse teste, pergunte a alguém um dia o que é a razão pra ele, provavelmente se surpreenderá com a resposta.

O exemplo básico da razão é o silogismo que era aplicado por Aristóteles, o exemplo clássico de silogismo é:

Todo homem é mortal. (Premissa maior)
            Sócrates é homem. (Premissa menor)
            Logo, Sócrates é mortal. (Conclusão)

Acreditem, isso é muito mais profundo do que parece, usando essa lógica você é capaz de derrubar qualquer argumentação que não seja acorde com a razão da qual falamos.

E somente pela razão, somada com a curiosidade é que um dia talvez consigamos todos nós, sair da caverna da ignorância e ver as coisas como elas realmente são. Se você não entendeu nada do que eu disse, me desculpe. E uma mensagem a todos: ‘saiam da caverna e vejam o mundo’.

Um enorme abraço á todos e que a luz da razão seja um guia em sua vida.