08 agosto 2010

Divagação Monóloga: Vivenciando as Leis de Murphy.


Não sei quantos que lerão isso já ouviram falar nas Leis de Murphy, para os que não fazem idéia do que seja isso e vão precipitadamente achar que tem algo ver com alguma lei do Congresso Nacional ou do mundo jurídico digo que vocês são uns doentes. As Leis de Murphy são basicamente ditados pessimistas criado por um estadunidense que se fodeu e tentou justificar o acontecido com as seguintes frases:

-"Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará"
-"Se há mais de uma maneira de se executar uma tarefa ou trabalho, e se uma dessas maneiras resultar em catástrofe ou em consequências indesejáveis, certamente essa será a maneira escolhida por alguém para executá-la".
-"Se algo pode dar errado, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo a causar o maior estrago possível".

Há algumas semanas atrás estava entediado e sem o que fazer. Férias na faculdade, desemprego, sem dinheiro, sem bicicleta e como o de costume sem mulher... Eu me definiria como o ócio em pessoa. A minha bicicleta estava na casa de um tio numa cidade chamada São Sebastião que só a titulo de curiosidade dos que estiverem lendo fica a aproximadamente 44,3 km do Gama que é onde resido.
E é como diz o ditado popular: “Cabeça vazia é oficina do diabo” acho que uma idéia dessa só pode ter vindo dele mesmo. E eis que cogito: “Acho que vou buscar a minha bicicleta e vou até o Gama pedalando”. Ás vezes sou muito impetuoso e faço o que me dá vontade de fazer sem antes planejar ou imaginar as conseqüências (espero que isso não me mate um dia) e então ás 16:30 estava eu na casa do meu tio me preparando pra sair, ele tentou inutilmente me fazer mudar de idéia, viu que não ia ter jeito me deu uma garrafa d’água e pediu pra que eu ligasse quando chegasse em casa.
Eu fiz a divisão do caminho em minha cabeça pra facilitar, a primeira parte era sair de São Sebastião e chegar à BR, a segunda era pedalar pela BR e pegar a pista da marinha, a terceira ia da pista da marinha até Santa Maria e a quarta ia da Santa Maria ao Gama.
A única coisa que não poderia acontecer era o pneu furar (maldita lei de Murphy).
Subi uma ladeira enorme a pé pra terminar a primeira parte do caminho.
Montei na bicicleta e fui pedalando muito rápido sem cansar, fiz tranqüilamente a segunda parte do caminho quando o sol já estava se pondo no horizonte começando a escurecer, no ritmo em que eu estava chegaria em casa no mais tardar ás 20:00.
Resolvi parar um pouco em frente à estação de rádio da marinha e olhar o pneu pra ver se estava tudo bem, e para a minha surpresa a coisa havia acabado de foder de vez, a porra do pneu traseiro estava murcho e eu gritei um palavrão bem alto, depois respirei fundo e resolvi parar, analisar a situação e pensar numa forma de sair dela, chegando à seguinte conclusão: “Estou sem celular, não tenho dinheiro, está escurecendo, estou numa pista no meio do nada, não tem nenhum orelhão por perto e provavelmente estou no meio do caminho entre duas cidades que estão igualmente longe de mim... É, acho que estou literalmente fodido”. Então olhei pra frente e comecei a fazer a única coisa que poderia fazer por mim, que no momento era caminhar.
Tinha escurecido de vez e depois de sei lá quanto tempo caminhando comecei a ver as luzes de Santa Maria e achei que estivesse chegando e que estava perto, mas eu continuei andando por umas duas horas e as luzes pareciam continuar no mesmo lugar, teve uma hora que eu comecei a achar que havia morrido e que o meu castigo seria caminhar a eternidade no meio de uma BR vendo luzes de longe sem nunca chegar nelas.
Depois do que pareceu uma eternidade caminhando eu enfim cheguei a Santa Maria e resolvi passar no posto de gasolina mais próximo pra calibrar o pneu e vê se dava pra pedalar até em casa, mas o posto não tinha calibrador. Então andei mais um pouco e passei no outro posto mais próximo que havia, e quando fui calibrar o pino entrou no aro e demorei uns 15 minutos pra tirá-lo de lá e pouco tempo depois eu tirei um prego do pneu e ele já não calibrava nem a pau, passei em outro posto e a mesma coisa, então já desmotivado e muito cansado me conformei e continuei o meu caminho.
Teve uma hora que me revoltei montei na bicicleta com pneu furado e tudo e disse: “Se tiver como piorar fique a vontade”. E fui pedalando onde dava pra pedalar. Peguei a pista que passa perto do presídio feminino, passei em frente à AmBev, passei pelo posto Sayonara, DETRAN, SLU, Racho Uirapuru, Cemitério e finalmente cheguei em casa. Pareceu até um sonho quando dobrei a esquina de minha rua e fui caminhando até o portão para abri-lo, olhei o relógio da sala e eram 21:30, fui ao telefone liguei pro meu tio, contei como havia sido, tomei um banho, jantei e fui dormir.
Essa bagaceira toda além de me deixar muito exausto fisicamente e muito puto me ensinou lições valiosíssimas pra toda vida:
-Primeira: Se você estiver no meio do nada e estiver vendo luzes, tenha certeza que elas estão dez vezes mais longe do que você imagina. E você não está no inferno pagando pelos seus pecados ou caminhando pras famosas luzes no fim do túnel, você está se fodendo em vida mesmo.
-Segunda: As Leis de Murphy existem sim e uma hora ou outra você será vitima delas, só torça pra sair vivo. No meu caso aconteceu assim:
*O pneu não podia furar e furou (Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará).

*De tantos lugares que eu podia passar pedalando passei exatamente em cima do que havia um prego (Se há mais de uma maneira de se executar uma tarefa ou trabalho, e se uma dessas maneiras resultar em catástrofe ou em consequências indesejáveis, certamente essa será a maneira escolhida por alguém para executá-la).
*Eu não tinha celular, não tinha dinheiro, o posto de gasolina não tinha calibrador e o que tinha não calibrava o pneu porque o prego furou os dois lados da carama de ar (Se algo pode dar errado, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo a causar o maior estrago possível).

P.S: Na imagem os pontinhos azuis são como eu havia divido o caminho em minha mente, o pontinho amarelo foi onde eu me dei conta de que o pneu havia furado e foi onde comecei a andar. Depois fui calcular quantos quilômetros andei e foram aproximadamente 24 km.

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