18 dezembro 2010

Devaneando.

Última nota.   'O derradeiro pedido de perdão talvez.

O marasmo me traz movimento. Mas eu quero ficar quieta, em posição fetal. Eu quero me proteger, já sofri mais que imaginei que suportaria. Vou sobreviver. Tempo ao tédio. Cura aos fracos. Não me afeta mais. Isso perdeu a relevância, há algo mais importante que deve ser dito,  você precisa saber que me fazer te esperar por tantas 24 horas pode acabar me fazendo ir embora. E antes que isso aconteça o momento exige um pedido de desculpas, ai sim poderei arrumar as malas com tudo aquilo que construimos juntos, porém agora eu é que irei carregá-las sozinha. Ao pedido de desculpas então: Quero seu perdão às vezes que rejeitei teus braços abertos. Às vezes em que me neguei a aceitar teu coração, quando você o me oferecia de bom grado. Perdão pelas vezes que baixei os olhos quando os teus me perseguiam ardendo em desejo. Perdão pelo tom de tragédia com que tudo terminou, sei que a culpa é minha. Perdão uma última vez por ter querido, tarde demais eu sei, me tornar cativa em tuas grades. Agora por tudo que fui, e por todas as mudanças que me causou, você irá me negar. Como o resto do conhaque barato nos copos tortos, como aquele cigarro meio fumado. E nesses dias triste meu universo gira numa simetria perfeita, como se as peças se encaixassem. Sei que não mereço essa estranha harmonia. E tudo isso me irrita profundamente, a calmaria. Essa calma tão errada, tão generozamente errada.
...tomo o derradeiro gole desse vinho, soa o último acorde daquela música popular-romanticazinha, e pondo fim a esse mal fadado conto-de-fadas ao avesso me entrego ao último trago de um cigarro. Mal sabem eles como fico sentimentalistazinha com essas cousas. Mas eis que há fim e no fim, começo.

B.
Palmas-To, Dezembro de 2010

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