19 junho 2012

Divagação Monologa: Abaixo à alienação religiosa.



"Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o." Buda
"Não seja assim."



     Vivemos num tempo de alienação religiosa maciça, não estou falando de religião A, B, C... X, Y ou Z. Sim, conseguiríamos tranquilamente uma religião pra cada letra do alfabeto, e ainda teríamos que recorrer ao alfabeto cirílico, grego, árabe e sei lá quantos mais. O que vemos ou o que pelo menos eu vejo, não sei se você vê alguma coisa, é que vivemos uma constante guerra religiosa, não uma guerra santa como as cruzadas, mas uma guerra religiosa sem armas bélicas, mas com outras armas bem mais poderosas, agora eles alcançam o psicológico das pessoas e as condicionam a aceitarem verdades pré-concebidas por alguém, ao invés de estimulá-las a pensarem por si mesmas.
            Uma guerra em que cada religião é um exército que tenta constantemente arrebatar mais soldados à suas fileiras. Porque cada religião, não digo todas, mas a maioria absoluta, se considera como a única religião verdadeira, a única capaz de ligar o homem à Deus, a única correta e detentora da verdade absoluta, sendo que ás demais são erradas e que os seus seguidores estão cometendo um erro, por não seguirem a “verdadeira religião revelada por Deus”.


           
            Não sou contra religiões, sou adepto da filosofia que diz: “Não importa qual a sua religião, desde que ela te torne um ser humano melhor.” Dalai Lama. Acredito que você tem que fazer o que te faz feliz, Jesus disse: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, lá eu estarei.” Ou seja, ele não falou que estaria exclusivamente numa Sinagoga, Mesquita, Igreja Católica, Evangélica e etc. Ele simplesmente disse que onde o chamasse ele iria, mas nos deparamos com um dos maiores defeitos do homem, que é deturpar ideias maravilhosas, interpretando-as de acordo com os seus interesses ou convicções pessoais, e daí surgem essa salada de religiões que tempera o planeta Terra.
            Se formos analisar cada religião de modo isolado, procurando suas origens históricas veremos que sempre haverá um homem por trás da ideologia propagada que se tornou religião. E um dos principais instrumentos que ocasionou tantas religiões é a Bíblia Sagrada, não estou dizendo que a Bíblia é um livro ruim, mas só que as pessoas não se atentam a certos detalhes que fazem e fariam toda a diferença:
            -A Bíblia foi escrita há muitos séculos atrás;
            -Em línguas que estão praticamente extintas;
            -Na linguagem daquela época e para ás pessoas daquela época;
            -Foi escrita numa linguagem metafórica;
            -Se contradiz em diversas partes;
            -Foi traduzida e retraduzida, perdendo muitas vezes o sentido original;
-Foi escrita por homens;
-Foi alterada de acordo com interesses pessoais;
-E um único trecho leva a mil interpretações distintas.
             
              Já deve ter alguém me chamando de herege, não ligo.
            E mesmo diante de tais fatos, algumas religiões são unânimes em considerar a Bíblia ou seus livros sagrados como ‘A Palavra de Deus’, como uma fonte de verdade absoluta e inquestionável. De modo que se você ousar a questionar alguma incoerência bíblica, você estará cometendo um pecado, porque você estará questionando a própria divindade. Ou seja, se a sua razão te disser que algo naquele livro estar errado e foge à lógica, você automaticamente dará um jeito de interpretar aquilo de modo que se torne plausível, porque você foi programado pra isso. Foi programado a ignorar a sua razão, em detrimento de um livro.
            A maioria das pessoas que seguem uma religião com base em um “Livro Sagrado”, não se presta ao trabalho de lê-lo, mas simplesmente de aceitar o que foi dito sobre ele por outras pessoas que o leram, como os seus líderes religiosos. Outra coisa comum e que dá um problema infeliz é a interpretação literal de tais livros, e isso gera tanta ignorância. Então muitas pessoas simplesmente acham que Deus fez o mundo em 144 horas (Seis dias), que as leis daquela época são aplicáveis aos tempos de hoje e que o que não está escrito em seus livros é digno de descrédito. Se analisarmos as coisas desse modo, então os dinossauros não existiram e a evolução das espécies é uma balela.
            As pessoas simplesmente acham que a grandeza de Deus se manifesta em transgressões absurdas de suas leis naturais. Montesquieu diz em Do Espírito das Leis: “A lei é a rainha de todos os mortais e imortais.” E continua dizendo que quando Deus fez o Universo ele criou leis que regeriam esse mesmo Universo, e que mesmo ele podendo transgredi-las por ser Onipotente, ele as respeita, porque se não causaria um colapso. Acham que a grandiosidade de Deus se manifesta nas exceções e não nas regras que ele mesmo fez.
            
             Reitero que de forma alguma estou dizendo que a Bíblia é um livro ruim, mas que foi e é um livro mal interpretado. E que o fruto de tantas religiões, são as tantas interpretações que foram feitas por homens. Vou causar um baque com isso e talvez alguns parem de ler depois do que vou dizer, mas não considero a Bíblia como a Palavra de Deus em sua integralidade, acho que tem trechos maravilhosos que se fossem aplicados a vida de forma prática o mundo seria outro.
            As pessoas dão uma credibilidade excessiva às afirmações bíblicas, de modo que se houver um embate direto entre Bíblia, ciência, razão e fatos evidentes, a Bíblia ganha de todos eles.
             Outra questão que não poderia deixar de ser analisada é que Religião é um fator cultural. Você não nasce católico, evangélico, mulçumano, budista ou judeu. Tornam você um ser religioso. Me respondam vocês:
            -Se você nascesse num país muçulmano, numa família muçulmana e tivesse uma criação muçulmana. Qual seria a sua religião? Você daria preferência a Jesus ou Maomé? Você chamaria Deus de Javé, Jeová ou Alá? Você daria mais crédito a Bíblia ou ao Alcorão? O que seriam as outras religiões pra você?
Vai dizer pra um deles que estão errados!
            
        Tenho certeza que alguns responderão de forma obvia e lógica, mas haverá outros que bolarão explicações mirabolantes para afirmarem que seriam exatamente o que são hoje. Outros ficarão calados e presos as suas convicções.
Alguns não entenderão nada do que eu disse até o momento, dirão que:
-Sou louco;
-Que sou um herege;
-Que estou possuído pelo Inimigo;
-Que vou para o Inferno;
-Que Deus vai me castigar por isso;
-E ainda terão outros que contarão aos lideres religiosos que leu um texto absurdo na Internet.
Se você é um desses, saiba que não escrevi esse texto pra você e que não me importo nem um pouco para o que você acha ou deixa de achar.
Que fique claro que não acho que Religião seja completamente ruim, isso depende do modo que você a vivencia. Como diz alguém que não me recordo o nome: “Religião é como quimioterapia, pode ser a cura para muitos males, mas de forma descontrolada é um veneno mortífero.”.
Em momento algum afirmei que existe uma religião certa ou errada, acredito que todas as religiões tem coisas boas a ensinar aos que souberem aprender, mas infelizmente as pessoas tendem a entender tudo de forma errônea.
Muitos religiosos levam um estilo de vida que os faz infeliz, simplesmente por medo de serem castigados por Deus. Acreditam que ir a Igreja e rezar ou orar, são o que salva e se esquecem de olhar a sua conduta no dia-a-dia. Se ofendem ou se sentem incomodados quando outra pessoa manifesta opiniões contrárias as suas, ou seja, amam exercer o seu direito constitucional à liberdade religiosa e detestam quando outros a exercem de modo distinto do seu. Julgam o que não conhecem sem ao menos se darem o trabalho de pelo menos estudar aquilo que tanto julgam.
Eu posso não ser Ateu, mas eu tenho o dever de respeitar quem se declara Ateu, pois do mesmo modo que tenho o direito de acreditar em Deus ele também tem o direito de não acreditar, e mais além, tem o direito de ser respeitado pela sua escolha mesmo que eu não concorde com ele. E isso se aplica a tudo e todos, até mesmo aos Satanistas.
Toda opção religiosa merece respeito, desde que não vá contra a moral, os bons costumes, os direitos humanos, a Lei e o Jus naturalismo (Direito Natural), porque a Fé é uma das coisas mais intimas de uma pessoa e uma das formas mais fáceis de desrespeitá-la.
Todos podem viver em paz, desde que respeitem as diferenças.

Siga a religião que te faz feliz e que te torna uma pessoa melhor, mas não seja um alienado com uma visão restrita do mundo e da vida, lembre-se do que Buda disse no começo do texto. Não tenha medo e não se sinta mal por usar a Razão, porque se Deus nos deu inteligência foi para que a usássemos.
Abaixo à alienação religiosa.

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