21 janeiro 2011

Pra quê?

Pra quê pensar? Se podem pensar por mim.
Pra quê comprar? Se posso roubar.
Pra quê se importar? Se posso simplesmente ignorar.
Pra quê lutar? Quando se entregar é mais fácil.
Pra quê falar? Quando posso me calar.
Pra quê plantar? Se tenho preguiça de colher.
Pra quê reclamar? Quando posso me acostumar.
Pra quê amar? Se posso me machucar e não ser correspondido.
Pra quê perdoar? Quando guardar magoa é mais cômodo.
Pra quê conversar? Se posso brigar.
Pra quê tentar entender? Quando posso julgar e condenar.
Pra quê ser eu mesmo? Quando posso seguir o padrão.
Pra quê sorrir? Se posso chorar.
Pra quê ser caloroso? Quando posso ser frio como um iceberg.
Pra quê ser benevolente? Quando a maldade é mais temida e ouvida.
Pra quê ir? Quando posso ficar parado vendo a vida passar.
Pra quê ser honesto? Se não o ser é mais lucrativo.
Pra quê fazer o que é certo? Quando o errado se tornou o correto.
Pra quê acordar? Se posso hibernar por dias inteiros.
Pra quê ser fiel? Quando posso trair.
Pra quê confiar? Se não confio nem mesmo em mim.
Pra quê? Pra quê isso? Pra quê aquilo? Pra quê?
Me respondam! Pra quê tantas coisas?
Pra quê tantas escolhas?

Dom Juan Ricthelly. Brazlândia-DF. 2011.

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