20 setembro 2013

Jogos Proibidos

            

           Tudo não passa de um jogo, é simplesmente isso. Você me seduz e eu finjo não entender. Sorri com um ar malicioso enquanto me encara e ajo como se não fosse nada demais.
            Eu tropeço propositalmente em você para logo em seguida me desculpar pelo descuido, a observo atentamente por um bom tempo e disfarço com um olhar perdido na janela quando você percebe.
            Você me deseja eu sei, mas prefere se divertir nesse jogo de gato e rato, onde eu som Tom e você Jerry, numa provocação constante que sempre findará em qualquer outro rumo distante do que realmente somos.
            Confesso todos os dias para mim o que sinto quando estou só, mas renego a cada instante na sua presença o que mais enalteço em meu coração, te tratando como a pessoa comum que você jamais será.
            Você presta atenção em cada um dos meus gestos, em cada palavra que pronuncio, me conhece profundamente, mas insiste em me tratar como se eu fosse a pessoa desinteressante que você nem de longe acha.
            Te escrevo lindos poemas que você nunca vai ler, componho canções e arranjo melodias que você nunca vai ouvir, mas mesmo assim você está em tudo o que faço, do papel amassado que jogo fora ao olhar em silêncio numa noite de luar.
            Nós nos temos, mas não nos possuímos.
            Nos desejamos ardentemente e não nos tocamos.
            Somos as peças chaves de um quebra cabeça, que não se encaixa.
            Um nó infinito em seus lados opostos.
            Nos amamos loucamente sem a mínima demonstração explicita.

            E sabemos muito bem que esse é um jogo proibido, sem The End, onde a regra é clara. E o fogo queima, mas não consome. A chuva cai mas, não molha. O vento sopra, mas não venta.

Dom Juan Ricthelly.

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