01 julho 2012

Divagação Monologa: Saudade.



“Saudade, torrente de paixão
Emoção diferente
Que aniquila a vida da gente
Uma dor que eu não sei de onde vem”

Canção de Amor – Caetano Veloso

Que coisa doída é a saudade meus amigos, quantos de nós em algum momento não se pegou olhando para trás desejando com todas as forças voltar àquele momento que dentre tantos foi tão único?
Quantos de nós já não nos flagramos pensando em uma pessoa que nos marcou a ferro e fogo na alma?
Não importa o quanto pensemos, o quanto estudemos e analisemos tal sentimento, acredito que nunca seremos capazes de compreendê-lo plenamente. Pois a saudade pode ser vivida e sentida nos mais diversos graus que se possa imaginar.
Há aquela saudade que jamais seremos capazes de saciar, pelo simples fato de o tempo não voltar e a pessoa ter partido desse mundo.
Existe aquele tipo que sentiremos quando estivermos a sós conosco, saudade de ter alguém ao nosso lado, mas sei lá, isso pra mim já se confunde com solidão, acho que talvez se isso mesmo, a solidão é a causa e a saudade o efeito.
Também há uma versão medíocre, que é a mais comum de todas, quase todas as pessoas a sentem sem nem perceber a sua nocividade para si mesmo. Ocorre quando sentimos falta de uma pessoa quando está longe, mas quando ela está presente não temos noção do valor dela em nossa vida, pode ser que estejamos apenas sentindo falta do que a pessoa faz por nós e não dá pessoa em si, e que coisa horrível é isso. Diante de tal situação teríamos duas escolhas possíveis: continuarmos agindo da mesma forma e perdendo a pessoa em algum momento ou sabermos valorizar a presença em detrimento da ausência.
Pode ocorrer também de termos a pessoa conosco, mas sentirmos falta de momentos que vivemos com ela sabendo que os mesmos jamais se repetirão. Confesso que talvez esse seja um dos temperos da vida e também uma de suas maiores lições a nós pobres mortais. A lição de que tudo passa e o relógio não volta para que você reveja, reviva ou resinta aquele momento específico, porque cada coisa na vida é única, indescritível e incopiável (nem existe essa palavra, viva a liberdade poética!), por tanto devemos aproveitar cada segundo, cada momento de felicidade ou de glória, porque por mais que haja outros, nenhum será igual.
Sentimos saudade de sentir uma emoção ou sentimento. Sei que precipitadamente alguns pensarão que fui redundante na primeira frase, mas não fui, é exatamente assim. Por exemplo, podemos ler um livro muito interessante que mexeu com nossas emoções, e posteriormente lê-lo várias vezes procurando sentir à mesma coisa que sentimos na primeira, e em vão faremos isso, apenas sentiremos saudades daquela emoção. Você se apaixona diversas vezes no decorrer de uma vida, mas em uma delas você terá atingido o auge do que você foi capaz de sentir, e viverá todas as outras vezes olhando pra trás desejando ardentemente ter a alma incendiada e o coração em brasa, como daquela vez, não digo que é impossível, apenas caso não tenha sido, a saudade daquela paixão irá te seguir por anos na melhor das hipóteses ou na pior até o fim da sua vida.
Pergunte há um idoso qual foi a sensação do primeiro beijo dado em sua juventude... Olhando nos olhos dele enquanto ele conta você provavelmente verá uma fagulha de saudade em seu semblante, mas você não saberá se é do beijo ou da juventude.
Não há um remédio para a saudade, a não ser a certeza de que vivemos de coração um momento, apreciamos a emoção sentida e valorizamos com dignidade as pessoas que são e nos foram caras. Vamos sentir saudade não por não ter aproveitado tanto quanto deveríamos ou podíamos, mas sim porque sabemos o quanto foi bom e gostoso ter tido o privilégio de viver intensamente, olhando a saudade como a prova de que o passado foi maravilhoso e de que um dia sentiremos saudade do presente por ele ter sido melhor ainda. Carpe Diem a todos vocês.

P.S.: Saudade de você meu amor. NEOQEAV!

Nenhum comentário:

Postar um comentário