Tudo
não passa de um jogo, é simplesmente isso. Você me seduz e eu finjo não
entender. Sorri com um ar malicioso enquanto me encara e ajo como se não fosse
nada demais.
Eu tropeço propositalmente em você
para logo em seguida me desculpar pelo descuido, a observo atentamente por um
bom tempo e disfarço com um olhar perdido na janela quando você percebe.
Você me deseja eu sei, mas prefere
se divertir nesse jogo de gato e rato, onde eu som Tom e você Jerry, numa
provocação constante que sempre findará em qualquer outro rumo distante do que
realmente somos.
Confesso todos os dias para mim o
que sinto quando estou só, mas renego a cada instante na sua presença o que
mais enalteço em meu coração, te tratando como a pessoa comum que você jamais
será.
Você presta atenção em cada um dos
meus gestos, em cada palavra que pronuncio, me conhece profundamente, mas
insiste em me tratar como se eu fosse a pessoa desinteressante que você nem de
longe acha.
Te escrevo lindos poemas que você
nunca vai ler, componho canções e arranjo melodias que você nunca vai ouvir,
mas mesmo assim você está em tudo o que faço, do papel amassado que jogo fora
ao olhar em silêncio numa noite de luar.
Nós nos temos, mas não nos
possuímos.
Nos desejamos ardentemente e não nos
tocamos.
Somos as peças chaves de um quebra
cabeça, que não se encaixa.
Um nó infinito em seus lados
opostos.
Nos amamos loucamente sem a mínima
demonstração explicita.
E sabemos muito bem que esse é um
jogo proibido, sem The End, onde a regra é clara. E o fogo queima, mas não
consome. A chuva cai mas, não molha. O vento sopra, mas não venta.
Dom Juan Ricthelly.
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