E tudo acaba de forma repentina.
A vida se esvai, a alma se vai
E um corpo cai.
Se havia o mínimo de amor,
Como quase sempre há.
Começa um chororô de pura dor
Que parece que nunca vai findar.
Os olhos marejados se tornam uma constante
Em meio a abraços de laços
E dizeres de condolência abundante.
O silêncio se espalha e do nada desaparece
Quando rugem suspiros vazios
E olhares vazios que duram instantes
Em um triste frenesi errante.
A hora do adeus se aproxima
E todo mundo fica em cima
Pedindo que Deus acolha bem a alma lá em cima.
Cantasse cânticos
E lê-se a bíblia
Em meio a prantos
E lembranças de vida.
A marcha fúnebre começa
E o cântico recomeça
Em meio a uma multidão que logo se dispersa.
Parentes e amigos estão presentes
Na despedida daquele ente
Que de seu corpo está ausente.
Por alguns instantes as pessoas se calam.
Os últimos minutos se intercalam
Entre momentos de silêncio e orações
E prantos unissonicos dissonantes
Que regam corações inundados de tristeza.
O coveiro começa seu trabalho
De transformar cova em alcova.
Rosas caem enquanto o caixão cai
Em meio a palavras de vai em paz.
A última pá de terra termina de cobrir tudo.
Aqui em cima continuará claro
E lá embaixo um lúgubre escuro.
O ritual em fim termina
Como símbolo de uma sina
Que todos enfrentarão algum dia.
E o que sobra é uma casa...
É um quarto, varias roupas e coisas
Que agora são rastros de uma vida.
E depois que tudo passa o que resta
São histórias, memórias e lembranças vazias
De quem passou e nos deixou nessa vida.
Dom Juan Ricthelly, BSB 2010.
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