26 abril 2010

Dor...


É mais do que fato que é praticamente impossível passar por essa vida com o coração intacto e sem cicatrizes de qualquer natureza. Infelizmente nascemos com a capacidade de sentir e causar dor em nossos semelhantes até mesmo quando não queremos, é algo involuntário em alguns casos e sadicamente voluntário em outros.
O maior ingrediente da dor é o amor, só sentimos dor quando é algo estreitamente ligado a algo que amamos, é tanto que se formos parar para analisar a possibilidade de sermos mortos por alguém que amamos é bem maior do que por algum estranho, deve ser porque tiramos as nossas armaduras e derrubamos nossas defesas quando estamos perto de pessoas verdadeiramente queridas, logo, ficamos totalmente vulneráveis.
Eu particularmente não consigo afirmar com total certeza o que é maior, a dor ou o amor? Acho até que em alguns casos chegam a ser sinônimos. Cada pessoa tem um jeito intrínseco de lidar com a dor de alguma perda, alguns enchem a cara até adquirirem alguma doença ou destruírem suas vidas, outros se afogam nas drogas pesadas como se fosse a melhor solução, uns se fecham pro mundo... Mas também têm outros que tentam lidar com isso de forma normal e mais saudável, escrevem livros, músicas, poemas... Ou seja, todos tentam se curar da forma que acreditam ser a melhor para si, tem gente que até mesmo evita falar sobre o assunto e guarda a dor consigo mesmo acreditando que jogando-a pra debaixo do tapete ficará mais fácil viver, mas também há o oposto, tem pessoas que exteriorizam a sua dor para demonstrarem para os outros que não sente mais dor, um exemplo foi o caso de uma mulher que fez uma festa de descasamento para comemorar o fim do casamento, outro é bem apresentado no filme O Amor Acontece, onde um escritor que perdeu a esposa escreve um livro e se torna um guru da auto-ajuda, o que quero dizer é que quando falamos ou expressamos demais algo que nos causou dor, é porque foi a forma que encontramos para lidarmos com aquilo, não significa necessariamente que já estamos melhor.
A dor em nossos corações pode existir em diversos graus de intensidade, por que nosso coração é como nosso corpo com as cicatrizes e escoriações, tem aquelas que são profundas ao ponto de marcar até mesmo nossa alma, tem outras que são simples machucados que só o tempo vai curar de acordo com o grau de gravidade. Mas as mais profundas dificilmente passam parece até que vão continuar a sangrar para sempre em fluxo contínuo até o fim de nossas vidas, a diferença é que de tanto sentir aprendemos a conviver com aquela dor.
Podemos até em algum momento achar que passou, mas no fundo admitimos pra nós mesmo com melancolia que ainda está lá em algum lugar e que a qualquer hora vai se abrir de novo...

“A dor e o amor podem tanto ser sinônimos quanto antônimos”.
Dom Juan Ricthelly

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