27 abril 2010

Soneto de Necessidade


(Dom Juan Ricthelly)

Eu preciso muito de Deus,
Preciso da minha família,
Preciso dos meus amigos,
E preciso de água e oxigênio.

Preciso de amor,
E preciso de um amor,
Preciso de luz, livros, comida,
E preciso de dinheiro.

Preciso de sonhos,
De sorrisos,
E carinho.

Eu preciso de tudo isso,
Mas eu me pergunto...
Quem ou o quê precisa de mim?

Gama, 2007.

26 abril 2010

Dor...


É mais do que fato que é praticamente impossível passar por essa vida com o coração intacto e sem cicatrizes de qualquer natureza. Infelizmente nascemos com a capacidade de sentir e causar dor em nossos semelhantes até mesmo quando não queremos, é algo involuntário em alguns casos e sadicamente voluntário em outros.
O maior ingrediente da dor é o amor, só sentimos dor quando é algo estreitamente ligado a algo que amamos, é tanto que se formos parar para analisar a possibilidade de sermos mortos por alguém que amamos é bem maior do que por algum estranho, deve ser porque tiramos as nossas armaduras e derrubamos nossas defesas quando estamos perto de pessoas verdadeiramente queridas, logo, ficamos totalmente vulneráveis.
Eu particularmente não consigo afirmar com total certeza o que é maior, a dor ou o amor? Acho até que em alguns casos chegam a ser sinônimos. Cada pessoa tem um jeito intrínseco de lidar com a dor de alguma perda, alguns enchem a cara até adquirirem alguma doença ou destruírem suas vidas, outros se afogam nas drogas pesadas como se fosse a melhor solução, uns se fecham pro mundo... Mas também têm outros que tentam lidar com isso de forma normal e mais saudável, escrevem livros, músicas, poemas... Ou seja, todos tentam se curar da forma que acreditam ser a melhor para si, tem gente que até mesmo evita falar sobre o assunto e guarda a dor consigo mesmo acreditando que jogando-a pra debaixo do tapete ficará mais fácil viver, mas também há o oposto, tem pessoas que exteriorizam a sua dor para demonstrarem para os outros que não sente mais dor, um exemplo foi o caso de uma mulher que fez uma festa de descasamento para comemorar o fim do casamento, outro é bem apresentado no filme O Amor Acontece, onde um escritor que perdeu a esposa escreve um livro e se torna um guru da auto-ajuda, o que quero dizer é que quando falamos ou expressamos demais algo que nos causou dor, é porque foi a forma que encontramos para lidarmos com aquilo, não significa necessariamente que já estamos melhor.
A dor em nossos corações pode existir em diversos graus de intensidade, por que nosso coração é como nosso corpo com as cicatrizes e escoriações, tem aquelas que são profundas ao ponto de marcar até mesmo nossa alma, tem outras que são simples machucados que só o tempo vai curar de acordo com o grau de gravidade. Mas as mais profundas dificilmente passam parece até que vão continuar a sangrar para sempre em fluxo contínuo até o fim de nossas vidas, a diferença é que de tanto sentir aprendemos a conviver com aquela dor.
Podemos até em algum momento achar que passou, mas no fundo admitimos pra nós mesmo com melancolia que ainda está lá em algum lugar e que a qualquer hora vai se abrir de novo...

“A dor e o amor podem tanto ser sinônimos quanto antônimos”.
Dom Juan Ricthelly

25 abril 2010

PALAVRA DA SEMANA: Esperança.


"Dum spiro, spero".
- Tradução: "Enquanto eu respirar, terei esperanças."
Provérbios Latinos


Procurei o significado dessa palavra no dicionário, e o que achei é basicamente o que já havia concluído por mim mesmo. É o sentimento de acreditar e esperar algo que se deseja e precisa, mesmo quando não há mais motivos racionais e concretos para continuar acreditando.
A esperança é irmã e amiga da perseverança e da fé estando diretamente ligada a elas. É resistente ao tempo como poucos sentimentos sendo capaz de fazer coisas incríveis, não é atôa que a sabedoria popular bem afirma que a esperança é a última que morre, pois tudo o que é material e corpóreo pode ser retirado do homem por outro homem, até mesmo a própria vida (o que é triste, pois toda vida é única e sagrada), mas a esperança é imaterial, intangível e inatingível, somente quem a possui em seu subjetivo pode abrir mão dela, logo, nenhum homem pode arrancar a esperança de outro a não ser que ele permita.
Os gregos (pais da civilização ocidental) possuíam um mito que expressa bem o significado da esperança para a humanidade, “O mito de Pandora”, segundo a mitologia Pandora foi a primeira mulher que existiu, criada por Hefesto e Atena, auxiliados por todos os deuses e sob as ordens de Zeus. Cada um lhe deu uma qualidade. Recebeu de um a graça, de outro a beleza, de outros a persuasão, a inteligência, a paciência, a meiguice, a habilidade na dança e nos trabalhos manuais.
Hermes, porém pôs no seu coração a traição e a mentira. Feita à semelhança das deusas imortais, destinou-a Zeus à espécie humana, como punição por terem os homens recebido de Prometeu o fogo divino.
Foi enviada a Epimeteu, a quem Prometeu recomendara que não recebesse nenhum presente dos deuses. Vendo-lhe a radiante beleza, Epimeteu ignorou o que lhe foi dito pelo irmão e a tomou como esposa. Epimeteu tinha em seu poder uma caixa que outrora lhe haviam dado os deuses, que continha todos os males. Avisou a mulher que não a abrisse. Pandora não resistiu à curiosidade. A caixa foi aberta e todos os males que não existiam escaparam, ela fechou a caixa impedindo que a esperança saísse e se perdesse, fazendo com que ela permanecesse com os homens, pois ela seria a única coisa capaz de fazer o homem suportar e vencer os males do mundo.
Concluindo, uma vida sem esperança é uma vida vazia, sem norte e sem rumo, porque sem ela a vida perde o sentido e a graça nos momentos de dor, dificuldades e necessidades. Pra finalizar deixo vocês com a frase: “O fim da esperança, é a morte em vida”.

Dom Juan Ricthelly.

21 abril 2010

Para tentar rir: Bucéfalo Anácromo


Diz à lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:
"Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito de minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo-o; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada."
E o ladrão, confuso, retrucou:
"Doutor, eu levo ou deixo os patos?"

MÚSICAS QUE FALAM POR MIM: DETALHES.


Sei que existem muitas músicas mundo afora que já embalaram muitos corações de casais apaixonados, e que entraram pra sua história ou até mesmo para o repertório de sua vida, por ter sido símbolo de um sentimento que viveram em toda a sua intencidade, o tempo pode passar, as coisas podem mudar de rumo radicalmente e de forma repentina, mas toda vez que aquela canção tocar ele ou ela se lembrarão de que um dia viveram um amor arrebatador, se estiverem sozinhos nessa hora ou em um ambiente que os permita fazer isso sem constragimentos talvez até chorem de saudades do primeiro acorde ao último verso simplesmente por ter relembrado o significado daquela música em sua vida. E tenho certeza que essa música do nosso saudoso rei Roberto Carlos expressa bem isso.

Composição: Erasmo Carlos / Roberto Carlos

Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito tempo em sua vida
Eu vou viver...

Detalhes tão pequenos de nós dois
São coisas muito grandes prá esquecer
E a toda hora vão estar presentes
Você vai ver...

Se um outro cabeludo aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer saudades minhas
A culpa é sua...

O ronco barulhento do seu carro
A velha calça desbotada ou coisa assim
Imediatamente você vai
Lembrar de mim...

Eu sei que um outro deve estar falando
Ao seu ouvido
Palavras de amor como eu falei
Mas eu duvido!
Duvido que ele tenha tanto amor
E até os erros do meu português ruim
E nessa hora você vai
Lembrar de mim...

A noite envolvida no silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura
O meu retrato
Mas da moldura não sou eu quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso mesmo assim
E tudo isso vai fazer você
Lembrar de mim...

Se alguém tocar seu corpo como eu
Não diga nada
Não vá dizer meu nome sem querer
À pessoa errada...

Pensando ter amor nesse momento
Desesperada você tenta até o fim
E até nesse momento você vai
Lembrar de mim...

Eu sei que esses detalhes vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma todo amor em quase nada
Mas "quase" também é mais um detalhe
Um grande amor não vai morrer assim
Por isso de vez em quando você vai
Vai lembrar de mim...

Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito, muito tempo em sua vida
Eu vou viver
Não, não adianta nem tentar
Me esquecer...

Poema: Para viver um grande amor.


O amor é e sempre será uma das coisas mais intrigantes para o ser humano, é algo que ele talvez nunca conseguirá entendê-lo em sua totalidade, porque não é de forma alguma pra ser compreendido e sim sentido em sua plenitude. Todos querem viver um grande amor, mas poucos realmente conseguem, e onde será que os fracassados passionais erram? Com toda sinceridade não faço idéia, afinal sou um deles também, se soubesse não o seria. Mas o nosso grande poeta Vinicius de Moraes, tentou nos deixar uma receita da melhor forma que ele poderia para nos ensinar o que é necessário para se viver um grande amor. Pra quem gostar, existe uma versão musicada desse poema, é só pesquisar.

PARA VIVER UM GRANDE AMOR.

Vinicius de Moraes.

Para viver um grande amor, preciso
É muita concentração e muito siso
Muita seriedade e pouco riso
Para viver um grande amor
Para viver um grande amor, mister
É ser um homem de uma só mulher
Pois ser de muitas - poxa! - é pra quem quer
Nem tem nenhum valor
Para viver um grande amor, primeiro
É preciso sagrar-se cavalheiro
E ser de sua dama por inteiro
Seja lá como for
Há que fazer do corpo uma morada
Onde clausure-se a mulher amada
E postar-se de fora com uma espada
Para viver um grande amor

Para viver um grande amor direito
Não basta apenas ser um bom sujeito
É preciso também ter muito peito
Peito de remador
É sempre necessário ter em vista
Um crédito de rosas no florista
Muito mais, muito mais que na modista!
Para viver um grande amor
Conta ponto saber fazer coisinhas
Ovos mexidos, camarões, sopinhas
Molhos, filés com fritas, comidinhas
Para depois do amor
E o que há de melhor que ir pra cozinha
E preparar com amor uma galinha
Com uma rica e gostosa farofinha
Para o seu grande amor?

Para viver um grande amor, é muito
Muito importante viver sempre junto
E até ser, se possível, um só defunto
Pra não morrer de dor
É preciso um cuidado permanente
Não só com o corpo, mas também com a mente
Pois qualquer "baixo" seu a amada sente
E esfria um pouco o amor
Há que ser bem cortês sem cortesia
Doce e conciliador sem covardia
Saber ganhar dinheiro com poesia
Não ser um ganhador
Mas tudo isso não adianta nada
Se nesta selva escura e desvairada
Não se souber achar a grande amada
Para viver um grande amor!

Doença Passional


Dom Juan Ricthelly

Um homem apaixonado é um animal indefeso
Aos passos e tudo relacionado à sua musa
Ele fica completamente preso
Pensa nela toda noite antes de dormir
E todo dia logo após acordar
Chega ao cúmulo da loucura passional

Ao insanamente achar que ela
É mais importante até mesmo
Que o próprio ar.

Fica com cara de tolo e dá suspiros bobos
O tempo todo.
Se é músico fica mais musical
Se é poeta fica mais poético
E se já é naturalmente louco (coitado!).
Fica totalmente irracional.

Tolera o que habitualmente detesta
Adquire miopia, astigmatismo,
Cegueira total
E consente contente
Ser assolado, solapado
Por essa verdadeira moléstia
Que é invisível aos seus pobres olhos
Mas dolorosamente perceptível
Pelo seu miserável coração.

Fica musicalmente eclético
Ao ponto de achar que qualquer canção
Independente de gênero
Tem nexo absoluto, resoluto e completo
Com toda a sua emoção, paixão
E até mesmo a sua solidão.
Pobre coitado, mal sabe ele
Que está doente, e de uma doença
Que custa passar,
Na verdade quase incurável
Sendo seu remédio imediato e recomendável
Os braços e os lábios da mulher amada.

Taguatinga – TO 2010

P.S.: Dedico essa postagem a minha amiga Elaine Poulain, que me incentivou a voltar a postar. Mais uma vez obrigado Elaine!