“Saudade,
torrente de paixão
Emoção diferente
Que aniquila a
vida da gente
Uma dor que eu
não sei de onde vem”
Canção de Amor –
Caetano Veloso
Que coisa doída é a saudade meus amigos,
quantos de nós em algum momento não se pegou olhando para trás desejando com
todas as forças voltar àquele momento que dentre tantos foi tão único?
Quantos de nós já não nos flagramos
pensando em uma pessoa que nos marcou a ferro e fogo na alma?
Não importa o quanto pensemos, o quanto
estudemos e analisemos tal sentimento, acredito que nunca seremos capazes de
compreendê-lo plenamente. Pois a saudade pode ser vivida e sentida nos mais
diversos graus que se possa imaginar.
Há aquela saudade que jamais seremos
capazes de saciar, pelo simples fato de o tempo não voltar e a pessoa ter
partido desse mundo.
Existe aquele tipo que sentiremos quando
estivermos a sós conosco, saudade de ter alguém ao nosso lado, mas sei lá, isso
pra mim já se confunde com solidão, acho que talvez se isso mesmo, a solidão é
a causa e a saudade o efeito.
Também há uma versão medíocre, que é a
mais comum de todas, quase todas as pessoas a sentem sem nem perceber a sua
nocividade para si mesmo. Ocorre quando sentimos falta de uma pessoa quando
está longe, mas quando ela está presente não temos noção do valor dela em nossa
vida, pode ser que estejamos apenas sentindo falta do que a pessoa faz por nós
e não dá pessoa em si, e que coisa horrível é isso. Diante de tal situação teríamos
duas escolhas possíveis: continuarmos agindo da mesma forma e perdendo a pessoa
em algum momento ou sabermos valorizar a presença em detrimento da ausência.
Pode ocorrer também de termos a pessoa
conosco, mas sentirmos falta de momentos que vivemos com ela sabendo que os
mesmos jamais se repetirão. Confesso que talvez esse seja um dos temperos da
vida e também uma de suas maiores lições a nós pobres mortais. A lição de que
tudo passa e o relógio não volta para que você reveja, reviva ou resinta aquele
momento específico, porque cada coisa na vida é única, indescritível e
incopiável (nem existe essa palavra, viva a liberdade poética!), por tanto
devemos aproveitar cada segundo, cada momento de felicidade ou de glória,
porque por mais que haja outros, nenhum será igual.
Sentimos saudade de sentir uma emoção ou
sentimento. Sei que precipitadamente alguns pensarão que fui redundante na
primeira frase, mas não fui, é exatamente assim. Por exemplo, podemos ler um
livro muito interessante que mexeu com nossas emoções, e posteriormente lê-lo
várias vezes procurando sentir à mesma coisa que sentimos na primeira, e em vão
faremos isso, apenas sentiremos saudades daquela emoção. Você se apaixona
diversas vezes no decorrer de uma vida, mas em uma delas você terá atingido o
auge do que você foi capaz de sentir, e viverá todas as outras vezes olhando
pra trás desejando ardentemente ter a alma incendiada e o coração em brasa,
como daquela vez, não digo que é impossível, apenas caso não tenha sido, a
saudade daquela paixão irá te seguir por anos na melhor das hipóteses ou na
pior até o fim da sua vida.
Pergunte há um idoso qual foi a sensação
do primeiro beijo dado em sua juventude... Olhando nos olhos dele enquanto ele conta
você provavelmente verá uma fagulha de saudade em seu semblante, mas você não
saberá se é do beijo ou da juventude.
Não há um remédio para a saudade, a não
ser a certeza de que vivemos de coração um momento, apreciamos a emoção sentida
e valorizamos com dignidade as pessoas que são e nos foram caras. Vamos sentir
saudade não por não ter aproveitado tanto quanto deveríamos ou podíamos, mas
sim porque sabemos o quanto foi bom e gostoso ter tido o privilégio de viver
intensamente, olhando a saudade como a prova de que o passado foi maravilhoso e
de que um dia sentiremos saudade do presente por ele ter sido melhor ainda. Carpe
Diem a todos vocês.
P.S.:
Saudade de você meu amor. NEOQEAV!